domingo, 29 de novembro de 2009

VOCÊ

Descansar em seus braços,
e me deixar ficar.

Assistir você fugir
e nunca ter todo o seu tempo.

Guardar em todas as letras
as lembranças de um bom começo.

É triste escrever;
é difícil falar;
E quando parei para pensar,
percebi que é mais simples do que apenas ouvir.

Do fim ao princípio.

Amar.

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Poesia (se é que é poesia) escrita em algum dia de 2005.
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ROTAÇÃO

Grãos de areia fugidios,
não há modo de os fazer parar,
em teus lábios meus calafrios,
de perda que não posso evitar.

Não suportas me ver partir
e segura forte minha mão,
mas para viver me deixa seguir
e abandonar nossa última direção.

Me entregas ao meu caminho
e de pouco em pouco vou sumindo
a estrada é forte e vou chorando
ganhando ritmo e resistindo.

A sete passos distantes, tudo escureceu;
vozes, carros, tudo se estranhou e se ocultou
e dos nosso olhos se esqueceu,
o dia em que o nosso mundo parou.


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Poesia (se é que sou poeta...) escrita em algum dia de 2005...
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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PERFUMES

A janela está aberta,
teu perfume me espreita lá fora,
as luzes todas acesas,
as pessoas olhando umas às outras
nenhuma que se conheça,
todos familiares e vizinhos,
todos estranhos e sozinhos.
cada um e suas definições,
todos atordoados por todos os sons
e seus perfumes tontos
odores e olores desvairados,
entretanto, entre tantos não me confundo,
cônscio de que há o perfume que é teu lá fora.

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Poesia (se é que é poesia) escrita no ano de 2006.
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terça-feira, 3 de novembro de 2009

POESIA INSTANTÂNEA

esta poesia que recito agora
está sendo produzida nesta hora
não que seja obra do improviso em ação
mas uma mistura de sentimento e premonição
resgatada na escuridão da noite
quando veio à nuca e me arrepiou num açoite
ouriçou meus pêlos prontos para corte
alheios sem vontade nem sorte
com um desejo único de existir
num lento e obstinado por vir
trepou nas pernas e se arrastou no peito
arrancou-me costela e me fez sujeito
exposto e doído
doido varrido
premido por um tempo falso
e uma periférica morte em meu encalço
louca e desatinada
que nunca me dirá nada
corro então cheio de pressa
nesse jogo só morro com muita peça
Rainha, bucha de sena, Rei
na poesia que pesquei
vitória anunciada por dados jogados na madrugada
no tabuleiro de uma poesia imediata.

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... poesia (se é que é poesia) pensada em 09 de agosto de 2009.