quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Serena calma

Por esses dias estive calmo
e pude olhar os outros dias que se foram

vi distantes incertezas
nas palavras que ora escrevi

vi irritantes tristezas
e lapsos das horas em que sofri

dias em que não poderia estar calmo
frente ao olhar de outros olhos que julgavam.


E esses dias eu me mantive calmo
a degustar a serenidade do pensamento maduro

a deliciosa sensação de estar a salvo
dando passos em um caminhar seguro

frente ao olhar que ama meus olhos
e esses meus modos de menino imaturo.


Meu coração bate em compasso com seus passos
e mesmo se fujo de você, eu lhe caço

vou no encalço de seus olhos
e não canso de sentir-me a flutuar no espaço

desses espaços que a mim reserva em seus braços
quando me recolhe em uns contados abraços


É que esses dias estive calmo
pois tenho em mim um peito sem espaços vagos

e vagas são as lembranças dos meus dias gagos
distantes dias que enfim apago

entendo que em tudo isso, seu olhar me mantém calmo
e me dá a certeza do afago desse enlace em que me salvo.

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Mais um pouco de poesia (se é que há poesia).
Dedicada à minha inspiração, minha amada Márcia.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Caderno de Questões

Qual o veículo que carrega para dentro de nós a insegurança, mesmo quando nos consideramos preparados?

Creio que essa Insegurança venha de carona com a Verdade. O veículo não identifico, mas entendo que avança dentro de nós e num instante, ela está lá. Pelo menos deve ser assim em algumas situações.

E a Verdade é que nem sempre nos doamos o suficiente para alcançar nossos objetivos.

A preparação é algo que demanda bastante energia.
E não é sempre que nos dispomos a doar alguma energia ao ato de nos preparar.

Razões são inúmeras, essas que nos levam a essa atitude tola.

O medo que temos do FRACASSO nos força a fracassar por antecipação, mas creio que não é dos mais graves.

O medo do SUCESSO nos ofusca a visão e não nos permite vislumbrar as possibilidades que estão após o momento da vitória, e postergamos nossas ações em prol de sua realização. Sabemos que nada se encerra ali. É a Vitória que desejamos e é nela que acreditamos, deveríamos ficar. Mas a vitória em si, como todos os outros momentos, se recusa a ficar e passa como as águas de um rio vivo.

Sendo o FRACASSO mais certamente alcançável, nos atamos a ele, e nos entregamos em sacrifício à derrota. Nos desviamos de nossos caminhos certos, optando por atalhos que nos levam à morte em vida, nos deixa cinzas, sem graças...

E sempre que entendermos do modo errado, o modo pelo qual deve fluir a energia da natureza humana, escolheremos o FRACASSO, sem entender que somos abastecidos pelas energias do improvável, do desafio, dos impossíveis feitos, dos desvelamentos da natureza secreta do mundo.

O FRACASSO não nos desafia.
O FRACASSO não nos transforma, não nos move...

Buscar o fracasso nos acomoda e molda.
Vivamos em busca de FRACASSOS,
e seremos então severamente iguais, derrotados.

Se assim deixarmos, sejamos assim derrotados,
pela ignorância que ofusca o fato de que a natureza humana se rebela contra a degradação.
É a NATUREZA HUMANA inspirada pela evolução.
E sempre que nos deixarmos iludir com pensamentos contrários,
estaremos morrendo mais um pouco. Vivos Fracassos.

Então, clamo que nos levantemos.
Entendamos que a única derrota que existe nos alcança através do medo do sucesso.
Vença para encontrar o dia em que sua história será das vitórias que acumulou,
e os dias futuros serão de dias totalmente incertos.

Vivamos para buscar o INESPERADO dia seguinte ao dia da vitória.
E desarmados, que enfrentemos o desconhecido vazio do incerto futuro,
sustentados pela essência do que é SER HUMANO.

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Algo que pensei, entre um artigo e outro, a caminho da TESE.
Madrugada do dia 6 de dezembro de 2017.
De vez em quando por aqui, desde 2009.

domingo, 23 de julho de 2017

Reconhecidas cavernas na prévia da reconexão


Magnetizado
sigo o movimento dito natural
sigo em expansão através da matéria
transpassando sua consistência irrefutável
e com o poder dos meus olhares
nela aterrisso, em seu chão com recheio de cola
e eu a aterrorizo enquanto meu pensar não decola
apaixonado por seus pequenos tomos

Hipnotizado
sigo esse frenético deslocamento entre densos urros
sigo em meio ao devaneio sintético dos sussurros
desfazendo a insólita solidez
da matéria sólida em sensatez
a esmiuçá-la em seus códigos duais
esgueirando-me por entre seus labirínticos rituais
sem desvencilhá-la das ações de fé.

Anestesiado
sigo bêbado das suas fontes inumeráveis
sigo trôpego em suas avenidas indelineáveis
horrorizado em um passo descompassado
automatizados, os meus olhos vendados
repensando erros
revivem erros
repetem erros
inutilizado, sigo em pensamentos vedados.

Limitado
sigo sim, limitado pelo excedente vazio
sigo, imitado pelo excludente poder do Rio
que me retira da beleza do que é vivo
que me arranca do merecido assobio
e me remete ao desesperançoso mundo sombrio
do irrefletido nascer em um não-Rio.

...

Sentados
sigam pensando que a poesia terminou
sigam acreditando que o fato se consumou
mas é no ato que eu vivo, intenso
que sinto meu sangue vermelho e denso
arrebentando fortemente o seu sossego
quando me viro, olho, paro e lhe digo, penso
bem do fundo desse meu renascido ímpeto...


Pensado
sigo acreditando no que há além do que se diz ser um simples fato
sigo propagando que o mais simples ato propagado
esconde a matéria que lhe estrutura
esconde, do olhar que lhe cultua
oculta na lua, em sua face mais crua
a degenerescência de sua essência escusa
que só o culto à cultura, enleva e desnuda.

Acabado
sigo ao fim
sigo ao agora sim
diferentemente do afobado
que queria se ver livre de mim
emocionado eu chego
orgulhos, cansado e até que enfim
ao poema terminado.

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Poema escrito na transição do dia 22 para o dia 23 de julho de 2016,
finalizado às 02:15 da manhã, horário de Brasília.



quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Imorais no Poder

"Imoralionários" em poucos lugares estão,
são aqueles que detêm todo o dinheiro,
sim, escondidos eles estão,
guardam para si o trabalho alheio
esse trabalho do qual o mundo precisa
Para que ninguém precise de dinheiro.