terça-feira, 20 de outubro de 2009

BRILHO DE SOL

O maior temor consolidado.
O pior dos fatos.
O pior dos momentos.
 
Olhei para o horizonte
e meus olhos arderam
e o ardor penetrou meu corpo
e desfez a minha suposta beleza
e desfez as minhas suposições.
 
O guarda-chuva se abriu
expôs minha carne fraca
e calou as gotinhas inocentes que caíam na terra.
 
Restam agora fotos impensáveis
um temor incontestável
e a doçura impecável da esperança destruída
numa face que mudou ante o grito incessante daquela manhã
e a ferida aberta, ainda viva
por alguns segundos e tão fracamente
soluça desamparada, ao ver completa a sua ruína.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Trilha de pão

O mundo disparou à minha frente
Já de início distante
Fluiu esperto por entre a multidão
E eu
Tendo meus dedos presos às dobraduras
Pude apenas vê-lo sumir adiante
Imponente
Radiante.

Sem pé
Nem mão
Nem fé
Nem chão

Vi o mundo sair da minha frente
Abrir caminho para o desconhecido
Me fazendo tropeçar no vazio
E encarar bem feio a minha vida num fio

Todos os nacos de meu pão
Todos os artistas do meu circo
A história para depois dormir
E o pesadelo do meu destino que não tem fim

Ó passagem apertada
Deixa-me chegar do outro lado
Tocar a paisagem apressada que minha lembrança não apaga
Deixa-me acordar do outro lado
E ver que este é o sonho
e eu, enganado.



Poesia (se é que é poesia) escrita em 02 de agosto de 2008.