quarta-feira, 13 de maio de 2020

Nó no peito

há tempos não sentia meu coração como neste instante
há tempos o som que saía do meu peito era abafado
há tempos o pulso era muito e sem vontade
e agora não há mais tempo

você não está aqui
você que me tirou o chão
que me tirou o sono
me embebedou de paixão
me fez querer correr
e agora querer sair e estar aí
onde quer que esteja
onde quer que seja

foi o seu riso que me chamou
a sua alegria me enlaçou
a sua íris me hipnotizou
e o seu perfume me embriagou
e sou refém do que me faz lembrar
prisioneiro num mundo de ciências
com olhos para os dias de encontrar o seu

espero você me esperar
espero o momento em que poderei correr
espero o momento em que vou encontrar
espero ainda encontrar um lugar
seu coração habitar
um dia e nos outros todos
no dia que tiver seu olhar

a saudade dói demais
esta saudade que me deixa tonto
a saudade e todas essas tardes que não são como aquelas
e todas as manhãs e as noites que não são iguais
eu quero o fim da saudade
que não morra em meu peito
essa saudade, que se esqueça de mim
quando estiver com você.

Você enfim
De novo assim
De novo
E eu assim
De novo enfim
E eu Assim
De novo
Dois nós atados no fim.
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Poema escrito em abril de 2008, quando a ideia de uma Pandemia surgia apenas em roteiros de filmes.
Agora, em 2020, os humanos se veem encolhidos em sua diminuta realidade frágil de animal.
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